quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Chamada: Colóquio Justiça e Democracia (UFSC/2016)

O departamento de filosofia da UFSC abriu chamada para o Colóquio Justiça e Democracia que ocorrerá entre os dias 16 e 18 de novembro no campus da UFSC.  A proposta dos organizadores é reunir pesquisadores e pesquisadoras nas áreas de ética e filosofia política do país dedicados aos temas justiça e democracia. 

O departamento de filosofia da UFSC vem se notabilizando como um dos melhores centros de pesquisa nacional em filosofia moral e política do país o que torna o evento uma excelente oportunidade para a atualização das melhores pesquisas da área que vem sendo realizadas no país. O prazo para o envio de trabalhos termina no dia 12/outubro. Mais informações podem ser encontradas na chamada abaixo. 

Agradeço a Jorge Sell pelo envio da chamada




Informações gerais:
  1. A participação para expositores é aberta aos estudantes de cursos presenciais de pós-graduação (Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado) que estejam desenvolvendo pesquisa sob orientação de um professor na área de Filosofia ou em áreas afins, bem como professores da área de Filosofia e Humanidades.
  2. Cada participante só poderá submeter um trabalho e não será permitida a inscrição de trabalhos coletivos.
  3. Haverá para cada expositor um certificado, cuja entrega estará condicionada à apresentação da comunicação pelo próprio autor.
  4. A Comissão Organizadora se reserva o direito de desconsiderar inscrições que não seguirem as instruções do edital ou do formulário de inscrição, bem como o direito de avaliar a aprovação das exposições segundo os parâmetros ora apresentados.
  5. Visando facilitar a organização do evento, o expositor, após ter tido sua comunicação aprovada, impossibilitado de comparecer ao evento, deverá comunicar à organização a sua ausência com antecedência mínima de três semanas. Caso o expositor não justifique a ausência com antecedência, ele estará sujeito a não ter sua inscrição deferida nos próximos encontros.
  6. Os resumos serão selecionados segundo a adequação aos temas do evento e sua qualidade acadêmica, medida pela originalidade, profundidade e capacidade de argumentação e articulação do autor. O número de propostas aceitas para apresentação será limitado, estando condicionado à quantidade de mesas e vagas que compõem o evento.
  7. A fim de qualificar o debate, solicitamos aos autores que tiverem seus resumos aprovados que enviem o texto a ser apresentado (ou uma versão preliminar) para o email coloquiojusticademocracia@gmail.com, no máximo até 05 de novembro de 2016. Os textos completos (ou suas versões preliminares) serão disponibilizados no site, juntamente com o caderno de resumos.
  8. Os inscritos que apresentarem seus artigos serão convidados a publicá-los na modalidade de revista ou livro eletrônico com ISBN. Mais informações serão dadas via e-mail. 
Inscrição de expositores
1. Cada expositor terá até 30 (trinta) minutos para a apresentação. Serão destinados 15 (quinze) minutos para debate com o público.
2. Para inscrever uma proposta, o expositor deverá submeter um resumo entre 500 e 800 palavras.
3. Os autores que tiverem seu resumo aprovado serão informados via email, e devem atentar-se ao prazo para enviar o trabalho a ser apresentado (ou uma versão preliminar).
Datas
Período de inscrições: de 09 de julho 12 de outubro de 2016.
 Data de envio da versão preliminar do texto a ser apresentado: até 05 de novembro
Período do evento: 16, 17 e 18 de novembro

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Democracia e (des)confiança: o caso Datafolha

Por Renato Francisquini

A ascensão das novas mídias, das redes sociais e das formas inovadoras de acesso à informação têm sido considerados os principais desafios dos veículos tradicionais, que ao redor do mundo vêm tentando se adaptar a este contexto. Proliferaram recentemente um sem número de blogs e colunistas, que não dependem mais do suporte físico da imprensa nem estão submetidos ao crivo de editores com a prerrogativa de adequar o conteúdo ao perfil das empresas de comunicação. Muitos chegaram a se questionar sobre a viabilidade das mídias tradicionais em um mundo de interação comunicativa cada vez mais fragmentada e especializada em nichos crescentemente restritos e pouco abertos a conhecer, de fato, as perspectivas alheias.

Entretanto, se por um lado as novas mídias põem em xeque o monopólio dos meios de comunicação como difusores de informações e opiniões, por outro possuem limites que as impedem de realizar em sua totalidade o papel destes meios. Pensando apenas na imprensa escrita, sobretudo nos jornais de circulação nacional, há pelo menos dois elementos que justificam a sua importância, mesmo num ambiente marcado pela comunicação digital: o primeiro é justamente a qualidade e a confiabilidade das narrativas que ocupam as suas páginas, que, ao menos idealmente, passam por critérios mais exigentes de checagem; o segundo, relacionado a este, é a plausibilidade de apresentar uma visão mais abrangente e imparcial sobre os eventos apresentados, tendo em vista a exigência comercial que os impede, mais uma vez idealmente, de adotar vigorosamente uma posição político-partidária. Nesse aspecto, enquanto as notícias veiculadas nas redes sociais surgem de fontes obscuras e são enquadradas por jornalistas com uma posição política bem definida - são enviesadas, portanto -, a imprensa comercial seria relativamente neutra e, por isso também, mais preocupada com a credibilidade do conteúdo transmitido, sobretudo no espaço reservado à reportagem. Ademais, enquanto os blogs independentes falam a um público específico, que de modo geral já tem uma visão ideológica mais próxima à dos seus colunistas, a imprensa tradicional tem um perfil mais catch all.

Em contextos de forte polarização política, o esforço no sentido de apresentar uma visão razoavelmente imparcial torna-se mais importante e, ao mesmo tempo, mais demandante. Mais importante porque, tendo em vista que contamos com as informações e interpretações transmitidas pelos meios para a formação das nossas opiniões, alguma imparcialidade nos permite, sobretudo aos que não têm uma posição política bem consolidada, formar uma percepção de tolerância com os que pensam diferente de nós. Mais demandante porque é natural que o acirramento dos ânimos seja acompanhado de um crescimento da desconfiança do público em relação ao que lhe é apresentado por esses veículos.






Inúmeros episódios recentes deixam suspeitar que os meios de comunicação brasileiros têm sido no mínimo pouco efetivos nessa empreitada. Ganhou destaque há alguns dias a divulgação da pesquisa Datafolha pelo jornal ao qual pertence o instituto. A capa da Folha de São Paulo de 17 de julho, um domingo, estampava infográfico que afirmava que 50% da população brasileira entendia que a permanência do presidente interino era "o melhor para o Brasil", ao passo que somente 3% diziam preferir novas eleições. A matéria omitia, porém, que esta última opção não foi incluída pelo instituto entre as alternativas oferecidas aos entrevistados, mas, ainda assim, foi mencionada espontaneamente por parte deles. O resultado divulgado pelo jornal surpreendeu parte do leitorado, o que motivou alguns jornalistas a buscar uma explicação plausível.

A história é conhecida e está bem relatada no The Intercept. O que é importante notar aqui é o fenômeno mais amplo, do qual episódios como este aparecem como um exemplo eloquente: ao cometer graves equívocos editoriais, sobretudo quando justificados da forma como o fez o editor da Folha (Sérgio Dávila sugeriu não existir interesse jornalístico na informação de que a maioria dos eleitores [60%], segundo outra parte da pesquisa realizada - e omitida pelo jornal -, preferia a realização de novas eleições), os veículos se arriscam a perder a já pouca confiança de que dispõem. Se essa desconfiança prejudica comercialmente os jornais, ela pode ser ainda mais perniciosa para a democracia brasileira. Em primeiro lugar, porque cria dificuldades para a formação de preferências bem fundamentadas sobre os temas de interesse público. Mas principalmente porque abre espaço para o fortalecimento de perspectivas cada vez mais polarizadas, representadas pelos inúmeros blogs e sites de origem e gosto duvidosos, afastando a possibilidade do surgimento de consensos mínimos, necessários à compreensão da sociedade como um empreendimento cooperativo, ainda que marcado pelo pluralismo de valores e identidades. O resultado do fenômeno soa sobremaneira mais grave quando pensamos na estrutura de propriedade dos meios de comunicação no país, marcada pelos oligopólios familiares e pela presença de lideranças políticas locais entre os donos de concessões de canais de rádio e televisão (como atesta o relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras), o que limita também a plausibilidade de encontrarmos visões concorrentes sobre os eventos.

Conforme afirma Hannah Arendt, em Verdade e Política, fatos e eventos são entidades frágeis, pois "ocorrem no campo das ocupações dos homens, em sempiterna mudança, em cujo fluxo não há nada mais permanente do que a permanência, reconhecidamente relativa, da estrutura da mente humana". Embora a disputa de narrativas interpretativas sobre o que a filósofa alemã denomina de "verdade factual" seja natural e saudável em uma sociedade democrática, que valoriza a liberdade de expressão, a corrupção da informação em prol de preferências políticas, como não poderia deixar de sugerir a postura da Folha no caso mencionado, contribui para a emergência de uma situação danosa. Com isso, até mesmo a distinção entre realidade e ficção fica, por vezes, comprometida, confundindo-se em um jogo de linguagens e intervenções políticas camufladas como narrativas imparciais. A carência de elementos confiáveis, que nos permitissem elaborar mentalmente um contexto factível, trabalham no sentido de intensificar as disputas para a definição de uma opinião que pudesse contar com um assentimento mínimo.


Post cruzado com Carta Maior.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Uma partida de War com Maquiavel e Hobbes





Por Existential Comics

Seminários de Ciência Política USP (2016)

O Departamento de Ciência Política da USP divulgou a programação de seminários de pós-graduação para o segundo semestre de 2016. Entre os destaques desta edição estão os seminários de Pablo Baramendi (Duke) e Marta Arretche (USP) sobre desigualdade e Ricardo Fabrino (UFMG) sobre pragmatismo e teoria crítica. Como de praxe, os seminários são semanais e abertos ao público em geral.