Sorapop Kiatpongsan (Chulalongkorn) e Michael Norton (Harvard Business School) publicaram o artigo How Much (More) Should CEOs Make? A Universal Desire for More Equal Pay no periódico Perspectives on Psychological Science no qual compararam, em 40 países, o salário que as pessoas estimam que os CEOs ganham em seus países e o salário que as pessoas acham que eles deveriam ganhar. O resultado pode ser encontrado no infográfico abaixo. A razão "ideal" ou "justa" entre o salário de altos executivos e trabalhadores não-qualificados esperado pelos entrevistados por Kiatpongsan e Norton é da ordem de 4 para 1 (isto é, executivos deveriam ganhar 4 vezes mais que os trabalhadores), já a razão estimada foi da ordem de 10 para 1 (as pessoas acreditam que os executivos ganhem, na realidade, 10 vezes mais do que os trabalhadores).
O que chama atenção no artigo, no entanto, é a comparação dessas duas medidas (ideal e estimada) com os salários reais dos altos executivos (os dados só cobrem 13 países). Mesmo as estimativas mais pessimistas ficam muito aquém da diferença efetiva entre os salários dos CEOs, de um lado, e a remuneração de trabalhadores não-qualificados, de outro. A razão entre os valores ideais e efetivos em alguns países: Suécia (2,2: 89), França (6,3: 104), Espanha (2: 127), Suíça (5: 148), EUA (6,7: 354). Ou seja, nos EUA, por exemplo, os entrevistados acreditam que o salário de um alto executivo deveria ser pelo menos 6 vezes maior do que o de um trabalhador não-especializado mas, na verdade, um CEO ganha 357 vezes mais. A diferença é tão extrema que os valores "justos" (azul) praticamente desaparecem frente aos valores de remuneração reais (cinza) no gráfico abaixo:
Como concluem os autores: "os resultados sugerem - contra a crença de que são apenas os mais pobres ou os partidários de grupos de esquerda que exigem uma maior igualdade de rendimentos - que as pessoas em todos os países [estudados] prefeririam diminuir a distancia de salários entre ricos e pobres".