sábado, 28 de dezembro de 2013

A Democracia do Público Reconsiderada

Publicado originalmente como o prefácio da segunda edição de Os Princípios do Governo Representativo, o texto "A Democracia do Público Reconsiderada" do teórico político Bernard Manin (NYU) retoma alguns dos argumentos acerca das "metamorfoses" históricas dos governos representativos. Mais especificamente, procura explicar de que modo a opinião pública regula (se por acaso regula) as elites políticas em uma sistema representativa de massas. O texto foi traduzido para a última edição da Novos Estudos (Cebrap). Além de Manin, a edição conta com um dossiê sobre as mobilizações políticas de 2013 no Brasil.

- Manin: "A Democracia do Público Reconsiderada"

Resumo

Neste artigo, o  autor  atualiza e esclarece suas análises da demoracia de público à luz de pesquisas recentes, em especial no que diz respeito à erosão das fidelidades partidárias, o papel dos partidos nas democracias contemporâneas e o aumento da participação política não institucionalizada, indicando que a democracia representativa não é incoerente com algum grau de influência direta dos cidadãos na tomada de decisão sobre políticas. 

Ver a tradução para o português do capítulo original a qual o texto remete:


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crise na economia?

O professor de economia José Maria Alves da Silva (Viçosa) publicou um artigo na versão eletrônica da Folha de S. Paulo no qual avalia (negativamente) o estado da arte da ciência econômica. Retomando a oposição clássica entre neoclássicos e keynesianos, Silva critica os exageros do formalismo e dos "toy models" e a incapacidade da economia mainstream de resolver problemas políticos concretos. 

Esperemos as réplica....

A crise da ciência econômica

Por José Maria Alves da Silva

Movimentos acadêmicos cada vez mais expressivos na Europa e América do Norte indicam grande descontentamento com o estado atual do ensino de economia e a formação dos economistas. Para isso, muito contribuíram as falhas explicativas da ciência econômica evidenciadas pela crise econômica mundial, deflagrada em 2008, e seus desdobramentos no que tem sido chamado de a "longa recessão".

Um paradigma científico está moribundo quando é sistematicamente contradito pelos fatos. Não há mais dúvida de que é esse o caso do chamado paradigma neoclássico em economia. No entanto, ele continua servindo de base para a "ciência normal" reverenciada pela grande maioria dos economistas, o chamado mainstream. Para a humanidade, isso seria apenas lamentável se não fosse trágico.

Como Keynes já havia deixado bem claro, o paradigma neoclássico não serve para a compreensão dos fenômenos macroeconômicos do mundo real contemporâneo simplesmente porque abstrai os elementos essenciais de sua natureza que o tornam intrinsecamente propenso à instabilidade. As crises macroeconômicas do capitalismo não surgem por obra de fatores externos ou perturbações de fora para dentro do sistema (choques), mas sim por defeitos "congênitos". Isto, que os fatos insistem em mostrar, continua sendo ignorado pelos praticantes do paradigma neoclássico.

A ruptura de paradigmas na ciência econômica deu-se na década de 1930, com a concorrência de dois eventos que se complementaram notavelmente: a grande depressão da economia norte-americana, deflagrada com o crash da bolsa de valores de Nova York, em outubro de 1929, e a publicação da Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes, em 1936. Desde então, uma série de trabalhos fundamentados nos insights originais de Keynes vieram deixar bem claro as inconsistências entre o paradigma neoclássico e a realidade do capitalismo contemporâneo.

Como afirmou certa vez o teórico italiano Luigi Pasinetti, o modelo neoclássico faz sentido como representação virtual de economias que nunca existiram ou de primitivas economias baseadas no escambo de excedentes entre produtores independentes, autosuficientes e polivalentes, nas quais a manufatura era artesanal, não havia propriedade privada, a moeda era uma mercadoria com valor de uso utilizada como intermediária de trocas e a racionalidade humana se impunha por questão de sobrevivência. Esse é um mundo muito diferente do visto na perspectiva das salas de Wall Street.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Caso Snowden

Na última semana, a Folha de S. Paulo divulgou uma carta aberta do ex-agente da NSA Edward Snowden ao povo brasileiro. Atualmente com asilo provisório na Russia até agosto Snowden estaria cogitando a possibilidade de ganhar asilo definitivo no Brasil (um dos países mais beneficiados pelo escândalo de espionagem eletrônica da administração Obama). Em entrevista à rede globo no domingo, Snowden chamou o Brasil de "uma das mais vibrantes e interessantes democracias do mundo" e que adoraria morar no país. David Miranda - o parceiro brasileiro do jornalista quem divulgou as informações ventiladas pelo ex-agente de segurança - iniciou domingo a campanha pelo asilo brasileiro. Os cientistas políticos norte-americanos Hussen Kalout (Harvard) e Marcos Degaut (Florida) se manifestarem na imprensa brasileira contra a idéia. 

Devemos dar asilo ao Snowden?

- Snowden: "Carta Aberta ao Povo Brasileiro"

- Miranda: "Carta Aberta ao Povo Brasileiro"

- Kalout & Degaut: "Uma Janela de Oprtunidades"



EDWARD SNOWDEN

Seis meses atrás, emergi das sombras da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA para me posicionar diante da câmera de um jornalista. Compartilhei com o mundo provas de que alguns governos estão montando um sistema de vigilância mundial para rastrear secretamente como vivemos, com quem conversamos e o que dizemos.

Fui para diante daquela câmera de olhos abertos, com a consciência de que a decisão custaria minha família e meu lar e colocaria minha vida em risco. O que me motivava era a ideia de que os cidadãos do mundo merecem entender o sistema dentro do qual vivem.

Meu maior medo era que ninguém desse ouvidos ao meu aviso. Nunca antes fiquei tão feliz por ter estado tão equivocado. A reação em certos países vem sendo especialmente inspiradora para mim, e o Brasil é um deles, sem dúvida.

Na NSA, testemunhei com preocupação crescente a vigilância de populações inteiras sem que houvesse qualquer suspeita de ato criminoso, e essa vigilância ameaça tornar-se o maior desafio aos direitos humanos de nossos tempos.

A NSA e outras agências de espionagem nos dizem que, pelo bem de nossa própria "segurança" --em nome da "segurança" de Dilma, em nome da "segurança" da Petrobras--, revogaram nosso direito de privacidade e invadiram nossas vidas. E o fizeram sem pedir a permissão da população de qualquer país, nem mesmo do delas.

Hoje, se você carrega um celular em São Paulo, a NSA pode rastrear onde você se encontra, e o faz: ela faz isso 5 bilhões de vezes por dia com pessoas no mundo inteiro.
Quando uma pessoa em Florianópolis visita um site na internet, a NSA mantém um registro de quando isso aconteceu e do que você fez naquele site. Se uma mãe em Porto Alegre telefona a seu filho para lhe desejar sorte no vestibular, a NSA pode guardar o registro da ligação por cinco anos ou mais tempo.

A agência chega a guardar registros de quem tem um caso extraconjugal ou visita sites de pornografia, para o caso de precisarem sujar a reputação de seus alvos.
Senadores dos EUA nos dizem que o Brasil não deveria se preocupar, porque isso não é "vigilância", é "coleta de dados". Dizem que isso é feito para manter as pessoas em segurança. Estão enganados.

Existe uma diferença enorme entre programas legais, espionagem legítima, atuação policial legítima --em que indivíduos são vigiados com base em suspeitas razoáveis, individualizadas-- e esses programas de vigilância em massa para a formação de uma rede de informações, que colocam populações inteiras sob vigilância onipresente e salvam cópias de tudo para sempre.

Esses programas nunca foram motivados pela luta contra o terrorismo: são motivados por espionagem econômica, controle social e manipulação diplomática. Pela busca de poder.

Muitos senadores brasileiros concordam e pediram minha ajuda com suas investigações sobre a suspeita de crimes cometidos contra cidadãos brasileiros.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Artigo: Democracia, Redistribuição e Desigualdade

Mais um capítulo do aguardado novo Handbook of Income Distribution [veja o post sobre outros capítulos aqui ] foi disponibilizado pelos seus autores. Desse vez, os economistas Daron Acemoglu (MIT), Suresh Naidu (Columbia), Pascaul Restrepo (MIT) e James Robinson (Harvard) postaram no portal SSRN o ensaio "Democracy, Redistribution and Inequality" no qual repassam a vasta literatura sobre as relações entre regimes democráticos e desigualdade econômica. 



Abstract:

In this paper we revisit the relationship between democracy, redistribution and inequality. We first explain the theoretical reasons why democracy is expected to increase redistribution and reduce inequality, and why this expectation may fail to be realized when democracy is captured by the richer segments of the population; when it caters to the preferences of the middle class; or when it opens up disequalizing opportunities to segments of the population previously excluded from such activities, thus exacerbating inequality among a large part of the population. We then survey the existing empirical literature, which is both voluminous and full of contradictory results. We provide new and systematic reduced-form evidence on the dynamic impact of democracy on various outcomes. Our findings indicate that there is a significant and robust effect of democracy on tax revenues as a fraction of GDP, but no robust impact on inequality. We also find that democracy is associated with an increase in secondary schooling and a more rapid structural transformation. Finally, we provide some evidence suggesting that inequality tends to increase after democratization when the economy has already undergone significant structural transformation, when land inequality is high, and when the gap between the middle class and the poor is small. All of these are broadly consistent with a view that is different from the traditional median voter model of democratic redistribution: democracy does not lead to a uniform decline in post-tax inequality, but can result in changes in fiscal redistribution and economic structure that have ambiguous effects on inequality.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Seminário: 1964-2014 Um Olhar Crítico Para Não Esquecer

Entre os dias 18 e 20 de março, a Faculdade de Filosofia Ciência Humanas da UFMG promoverá o encontro "1964-2014: Um Olhar Crítico Para Não Esquecer" dedicado a produção acadêmica sobre  ditadura militar, autoritarismo e violações de direitos humanos na história recente do país. Trabalhos  serão aceitos até o dia 15 de janeiro. 

Mais informações no blog do evento: 







Programação:

18/03

Abertura – 14:00hs
1a Mesa Redonda – 14:30hs 
1964: Balanços, interpretações
    • Daniel Aarão Reis Filho (UFF) – O fim e o legado da ditadura
    • Marcelo Ridenti (UNICAMP) – As oposições à ditadura, um balanço
    • Rodrigo Patto Sá Motta (UFMG) – Cultura política e modernização autoritária
2a Mesa Redonda – 19:00hs
A ditadura e o cenário internacional
    • Adriane Vidal Costa (UFMG) – História, imprensa e censura: a cobertura brasileira sobre o golpe militar no Chile (1973) e na Argentina (1976)
    • Maria Helena Capelato (USP) – Circulação de imagens de propaganda política  entre os regimes civis-militares brasileiro, chileno e argentino
    • Adrianna Setemy (UNIFAP) – A diplomacia brasileira e o esquema de coordenação repressiva em defesa das fronteiras ideológicas no Cone sul

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Chamada: Graduate Conference in International Political Theory (St. Andrew)

Trabalhos de teoria política e relações internacionais serão aceitos até 28 de fevereiro para participarem da segunda edição da conferência de pós-graduação em teoria política e relações internacionais na Universidade St. Andrews (Escócia) entre os dias 22 e 23 de maio de 2014. O tema desse ano será "o mal político". O palestrante convidado (Patrick Hayden) é o autor do livro "Political Evil in a Global Age: Hannah Arendt and International Theory"


2nd St Andrews Graduate Conference in International Political Theory: Political Evil


Hosted by the School of International Relations, University of St Andrews
On 22-23 May 2014 the School of International Relations, University of St Andrews, is  hosting the 2nd St Andrews Graduate Conference in International Political Theory. The theme of the Conference is political evil. We aim to provide a forum for a fruitful exchange between a range of perspectives, interests and concerns oriented towards the rubric of international political theory that seek to contribute to this challenging, yet intriguing arena of inquiry. We welcome paper proposals from various disciplinary backgrounds and wish to offer an opportunity for postgraduate students to present and discuss their work in a stimulating and friendly academic environment.
Keynote speaker: Professor Patrick Hayden (University of St Andrews)
The deadline for the submission of abstracts: 28 February 2014.
For further information please see the the attached call for papers and visit the Conference website at: www.ipt-conference.net. For any further queries please contact us at iptconf@st-andrews.ac.uk.
Be Sociable, Share!

domingo, 15 de dezembro de 2013

Entrevista: Ernesto Laclau sobre populismo

A repórter da Folha de S. Paulo Eleonora de Lucena entrevistou para o caderno Ilustríssima desta semana o professor de teoria política Ernesto Laclau (Essex). O teórico argentino lançou em português o livro A Razão Populista, sua mais recente tentativa de resgatar o significado político (positivo, segundo Laclau) das experiências populistas no século XX. O importante para Laclau é a "forma" dos movimentos populistas - a divisão do campo político em duas forças antagônicas: "povo" x "dominantes" - e não exatamente seu "conteúdo", por vezes contraditórios. Além da entrevista, para os interessados nas propostas de re-atualização do conceito por Laclau, segue abaixo seu artigo de 2005 "Populism: What's in a name?".

[...]

"O populismo não só tem sido degradado mas também denegrido. Seu rechaço tem sido parte da construção discursiva de certa normalidade, de um universo político ascético do qual sua lógica perigosa teria que ser excluída", diz. É dessa concepção de um mundo sem ação das massas que surgem as conhecidas ideias de que governos devem ser exercidos por técnicos e gestores teoricamente competentes? "Trocar a política pela administração tem sido sempre a ideologia conservadora das elites econômicas da América Latina", responde Laclau.


- E. Laclau: "Populism: What's in a name?"


O discreto charme do populismo

Por ELEONORA DE LUCENA

O populismo foi essencial na construção de governos nacionais e populares na América Latina e "teve um papel enormemente positivo para a democracia no continente". A visão é do sociólogo e historiador argentino Ernesto Laclau, 78, um especialista no tema que divide o debate político e horroriza setores conservadores.

Parafraseando o célebre "Manifesto Comunista", de Karl Marx, ele afirma: "Há um fantasma que assombra a América Latina e esse fantasma é o populismo".Professor emérito de teoria política da Universidade de Essex (Grã-Bretanha), Laclau mergulha no fenômeno em "A Razão Populista" [trad. Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Três Estrelas, R$ 69,90, 384 págs.].

Para ele, a ascensão de movimentos de massas no continente provoca mudanças em 
governos, que assumem características nacional-populares. Há batalhas por alterações institucionais e inevitáveis choques com elites. Institucionalismo versus populismo -aí está o embate.

"A participação democrática das massas, com seus ideais comunitários, não se ajusta a Estados liberais tradicionais", afirma ele, em entrevista à Folha.

Afinal, as instituições nunca são neutras. "Elas são a cristalização de uma relação de forças entre grupos sociais. Quando mudam essas relações, as instituições -e até as constituições- precisam ser modificadas. Estamos num processo de mudança no qual as novas forças sociais estão fazendo novas demandas e, naturalmente, vão se chocar com vários aspectos constitucionais estabelecidos anteriormente, em sociedades que eram muito diferentes", analisa.

É para bloquear essa ascensão das massas que o poder conservador trata de se agarrar a essas antigas formas institucionais e faz uma cruzada antipopulista, avalia Laclau.
"Não que as instituições tenham que ser abolidas, mas precisam ser reformadas", pondera. "As instituições da República Velha do Brasil não funcionariam na sociedade contemporânea", exemplifica o professor.
Laclau se refere especialmente às mudanças institucionais ocorridas na Bolívia, no Equador e na Venezuela.

Nesse último país, diz que houve uma mudança radical, que deixou para trás uma sociedade desestruturada e com pouca participação de massas. Destaca o papel das "misiones" (os programas sociais chavistas), que formam grupos autônomos em distintos níveis da comunidade. "Essa sociedade necessita instituições novas, e os conservadores querem manter as instituições mais tradicionais."

Também no Equador o debate foi para mudar leis dos anos 1990, que refletiam o apogeu do neoliberalismo e das ideias do Consenso de Washington implantadas no país. Situações semelhantes ocorrem na Bolívia, com participação indígena, e na Argentina.
Pergunto sobre o alegado viés autoritário que, segundo alguns, está embutido em mudanças nesses países. Laclau diz que a acusação é absurda. Cita as eleições periódicas que ocorrem hoje no continente. E lembra as ditaduras que proliferaram por aqui no século 20, especialmente do Chile de Augusto Pinochet.

"Se houve um ataque autoritário às instituições, esse ataque não veio do populismo, veio do neoliberalismo", declara.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Cartas de Isaiah Berlin

Na última edição da NY Review, o escritor John Banville escreveu um ensaio sobre o terceiro volume das cartas de Isaiah Berlin (editadas por Henry Hardy e Mark Pottle). Elas cobrem o período entre 1960-1975 quando Berlin já contava com a fama de grande historiador e teórico político oxfordiano. Nas cartas, Berlin discute contracultura, guerra fria, o assassinato de Martin Luther King, dentre outros tópicos.

[...]

Nothing is less popular today than to say that there is no millennium, that values collide, that there is no final solution, that one can only gain one value at the expense of another, that whatever one chooses entails the sacrifice of something else—or that it is at any rate often so. This is regarded as either false or cynical or both, but the opposite belief is what, it seems to me, has cost us so much frightful suffering and blood in the past



Isaiah Berlin retratado por Derek Hill; 1975

Learning a Lot About Isaiah Berlin 
John Banville 


The stoutest defenders of the status quo will inevitably be those whom it rewards most richly. In the period covered by Building: Letters 1960–1975, the third of four projected volumes of his correspondence, Isaiah Berlin achieved lavish success in his life and in his career. He was happily, indeed blissfully, married to a well-to-do woman and living with her and her sons in some style in her fine house outside Oxford; he had attained worldwide fame as a historian of ideas whose essays were read with admiration and envy both inside and outside academe; he was the confidant of presidents and statesmen, with an entrée to many a corridor of power on both sides of the Atlantic; and to cap it all, in these years he created a new graduate college at Oxford, securing the funding for it and overseeing its at times troubled development. He knew his place to be a high one, and despite his innate modesty he enjoyed himself hugely up there.
His letters in this volume, as ever discursive, zestful, bubbling with gossip and intrigue, sound a subtly new note. His sense of gaiety, his love of occasion, his appetite for friendship and conversation, fed into what seems at times a blinkered kind of sunny optimism, a belief that surely all this should and would be preserved against the encroaching barbarisms of the age. As the historian David Caute has drily remarked, “Berlin more frequently expressed aversion to violence that established ‘a new order on the ruins of the old’ than to the historically more common violence that re-established the old order on the ruins of the new.”
Certainly the period from 1960 to 1975 was among the most barbarous the world has experienced. These were the years of assassination—of John F. and Robert Kennedy and Martin Luther King, among others—and of some particularly nasty wars, notably in Vietnam, Algeria, Congo, and the Middle East. There were also a number of nuclear standoffs, particularly over Cuba, that very nearly resulted in catastrophe.

Through all this IB, as from here on we shall designate him, sailed with apparent calm, though always with a lively interest, like a phlegmatic lone yachtsman navigating his leak-proof vessel over tempestuous wastes of water. Or so it would seem from his letters; it would be well to keep in mind, however, that letter-writing is a performative act, and IB was a bravura performer. He was never less than engagé yet in private maintained an attitude of amused skepticism. The world may have seemed to be hurtling toward one end, that of general self-destruction, but he was unshakable in his commitment to his version of liberalism and what is called value-pluralism, “the conception that there are many different ends that men may seek and still be fully rational, fully men, capable of understanding each other and sympathizing and deriving light from each other.”
Yet all was not bonhomie and soft sunlight. “I am,” he wrote to Mary McCarthy in 1964, when he was aged fifty-five, “in a state of excessive indignation about everything, from which I deduce old age and hardening of the arteries.” He could be fearsome when he felt he or his profession had been slighted. In 1963 he wrote to the British intellectual and Labour parliamentarian Richard Crossman about a newspaper review in which Crossman had returned to “your old bone…on which you gnaw and gnaw—the fiddling dons of Oxford, dreary and craven pedants engaged in their petty and destructive tasks while worlds are crashing and great problems are crying out for solution.” Responding to the charge, IB reminds Crossman of the German “political professors who thundered away and supplied plenty of ideology for 1871 and 1914,” and reminds him of Friedrich Meinecke’s Die deutsche Katastrophe of 1946, “one of the noblest tracts of our times” and “a sufficient answer to those who want professors to plug political programmes and ideologies, however sincere and eloquent.”

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Comissão Nacional da Verdade convoca ex-delegado Aparecido Calandra para depor

Em evento histórico, a Comissão Nacional da Verdade convocou hoje para depor (12/12/2013) o ex-delegado Aparecido Laertes Calandra que atuou na antiga sede do DOI-CODI em SP. Como todos sabemos, o "Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações e Defesa Interna" (DOI-CODI) era um dos centros de repressão e tortura mais importantes do país durante a ditadura militar brasileira. O ex-delegado Calandra (notoriamente conhecido por "Capitão Ubirajara") foi reconhecido por dezenas de vítimas de sequestro e violação de direitos humanos que passaram pelo DOI-CODI  como responsável direto pelas sessões de tortura na morte de ex-militantes. Antes de responder as perguntas da Comissão, sete vítimas do ex-delegado prestam seus depoimentos. O evento é crucial para todos aqueles que se interessam por justiça de transição ou simplesmente pelo o que significou o regime autoritário no Brasil. 

O vídeo dos depoimentos pode ser assistido abaixo (outro importante depoimento, do Coronel Ustra, realizado em maio também pela CNV pode ser assistido aqui).

- Audiência pública do depoimento do ex-delegado Aparecido Laertes Calandra

- Reportagem [Globo News]

Em depoimento à CNV, delegado que atuou no Doi-Codi se contradiz


Calandra depoe site

















Na audiência, sete ex-presos políticos ouvidos pela Comissão Nacional da Verdade relataram que Aparecido Laertes Calandra, o capitão Ubirajara, praticou tortura e outras graves violações de direitos humanos

O delegado aposentado da Polícia Civil Aparecido Laertes Calandra cumpriu a convocação da Comissão Nacional da Verdade e prestou depoimento hoje de manhã à CNV. Ouvido após sete ex-presos políticos testemunharem, o ex-agente, que serviu no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), do II Exército, em São Paulo, onde ele afirma ter trabalhado oito anos, e também no Dops, caiu em diversas contradições ao ser confrontado com documentos que comprovam que ele atuou na linha de frente da repressão política.
Acompanhado de seu advogado, Paulo Esteves, Calandra respondeu às perguntas formuladas pelos membros da CNV Pedro Dallari (coordenador) e José Carlos Dias. Perguntado se havia trabalhado no Doi-Codi, Calandra primeiramente negou, dizendo que trabalhava como assessor jurídico do 2º Exército, entretanto, ao ser confrontado com vários documentos assinados por ele (veja foto), quando trabalhava no Doi-Codi, o ex-delegado disse que trabalhou 8 anos naquele centro de tortura, mas que era um burocrata.
Questionado mais de uma vez sobre o que era exatamente a sua função de assessoramento jurídico no Doi-Codi, Calandra disse que confeccionava autos de apreensão, requisições diversas. Ao ser confrontado com o teor de sua ficha funcional da Polícia Civil (veja foto), a qual registrava ofício do 2º Exército, datado de 14 de abril de 1977, elogiando-o por "eficiência e dedicação, na execução das mais diversas atividades, durante o ano de 1976, visando à consecução dos objetivos propostos no combate à subversão e ao terrorismo, como integrante do Sistema de Informações do 2º Exército", o ex-delegado disse que estava sendo elogiado por sua atividade burocrática.
Indagado como ele poderia afirmar que estava sendo elogiado por "combate à subversão e ao terrorismo" atuando apenas burocraticamente, Calandra voltou a negar que tenha torturado pessoas ou desrespeitado direitos humanos, seja quando trabalhou no Dops ou no Doi-Codi. Ele afirmou também nunca ter visto ou ouvido torturas e que nunca foi conhecido como capitão Ubirajara. E atribui a engano os fatos de que é acusado: "Atribuo isso a engano pessoal das pessoas que estão fazendo as acusações", disse.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Livro: Intercultural Dialogue on Human Rights

Para os pesquisadores na área de direitos humanos (e no mês no qual sua Declaração Universal completa 65 anos) foi lançado pela Routledge Reframing the Intercultural Dialogue in Human Rights do filósofo norte-americano Jefrrey Flynn (Fordham University). O livro é uma tentativa de conciliação teórica entre as diferentes "fundações" dos direitos humanos na teoria política contemporânea (comunitarismo, liberalismo igualitário, utilitarismo, etc.) por meio da teoria da ação comunicativa habermasiana. Entre as principais propostas do autor (ver o artigo abaixo) está a separação entre  questões de "humanitarismo" - quando apreendemos o outro como objeto de privação - e questões de "direitos humanos" - quando apreendemos o outro como sujeito de direitos. 





In this book, Flynn stresses the vital role of intercultural dialogue in developing a non-ethnocentric conception of human rights. He argues that Jürgen Habermas’s discourse theory provides both the best framework for such dialogue and a much-needed middle path between philosophical approaches that derive human rights from a single foundational source and those that support multiple foundations for human rights (Charles Taylor, John Rawls, and various Rawlsians).
By analyzing the historical and political context for debates over the compatibility of human rights with Christianity, Islam, and "Asian Values," Flynn develops a philosophical approach that is continuous with and a critical reflection on the intercultural dialogue on human rights. He reframes the dialogue by situating it in relation to the globalization of modern institutions and by arguing that such dialogue must address issues like the legacy of colonialism and global inequality while also being attuned to actual political struggles for human rights.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Concurso: Métodos Quantitativos (UNIFESP)

O Departamento de Ciências Sociais da Unifesp abriu concurso para professor substituto (mínimo 1 ano, prorrogáveis por mais 2) na área de Métodos Quantitativos. O prazo para as inscrições termina dia 27 de dezembro. O edital simplificado por ser consultado abaixo:


domingo, 8 de dezembro de 2013

Estado e impostos no eleitorado brasileiro

O jornal Folha de S. Paulo divulgou os resultados preliminares de uma pesquisa do Datafolha sobre a ideologia do eleitoral brasileiro (cerca de 4500 entrevistas em 190 municípios). Algumas conclusões gerais: o cidadão médio é uma mistura de posições compartimentais de direta (87% acredita que acreditar em Deus torna alguém melhor) com posições econômicas de esquerda (67% acredita que o Estado deve ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país). Um dado importante  é a divisão simétrica quanto ao papel do Estado na vida das pessoas. Para 49% dos entrevistados é preferível pagar menos impostos e contratar serviços privados de saúde e educação. Para 43%  é preferível pagar mais impostos e obter tais serviços gratuitamente.  







Brasileiros se dividem quanto a impostos e papel do governo
Ricardo Mendonça






Nada divide tanto os brasileiros como a concepção do papel que o Estado deve ter em suas vidas. É o que mostra a mais completa pesquisa do Datafolha sobre as inclinações ideológicas do país. Confrontados com afirmações antagônicas sobre vários temas, as pessoas se dividiram simetricamente ao falar de suas relações com o Estado.

Para 47%, quanto mais benefícios receber do governo, melhor. Para outros 47%, quanto menos a pessoa depender do governo, melhor. No Nordeste, a região mais pobre do país, e entre pessoas que recebem até dois salários mínimos, estrato mais baixo de renda, a preferência pela ajuda do governo atinge 53%.

Outra questão que divide bastante a população tem a ver com a elevada carga tributária do país e a qualidade dos serviços que o governo oferece. Para 49%, seria preferível pagar menos tributos e contratar serviços particulares de saúde e educação.

É o que pensam 60% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos. A formulação alternativa, pagar mais impostos e ter saúde e educação gratuitas, é preferida por 43% da população.
O Datafolha faz pesquisas sobre as preferências ideológicas da população desde setembro de 2012, mas esta foi a primeira vez em que os assuntos econômicos foram incorporados ao questionário. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Bourdieu: Capital Simbólico e Classes Sociais

Na última edição da revista Novos Estudos do CEBRAP podemos encontrar o artigo "Capital Simbólico e Classes Sociais" do sociólogo francês Pierre Bourdieu. Nesse artigo famoso publicado originalmente em 1978 Bourdieu realiza um esforço impressionante ao sintetizar em um ensaio curto e direto tanto suas posições metodológicas mais importantes como as teses de sua obra A Distinção (temos uma boa edição em português pela Edusp). O texto é prefaciado pelo também sociólogo Loic Wacquant. O texto é uma excelente introdução à teoria social de Bourdieu.

[...]

Mesmo recusando admitir que as diferenças existam apenas por- que os agentes creem ou fazem crer que elas existem, devemos admitir que as diferenças objetivas, inscritas nas propriedades materiais e nos lucros diferenciais que elas trazem, se convertem em distinções reconhecidas nas e por meio das representações que fazem e que formam delas os agentes. Toda diferença reconhecida, aceita como legítima, funciona por isso mesmo como um capital simbólico que obtém um lucro de distinção. O capital simbólico, com as formas de lucro e de poder que assegura, só existe na relação entre as propriedades distintas e distintivas como corpo correto, língua, roupa, mobília (cada uma delas obtendo seu valor a partir de sua posição no sistema das propriedades correspondentes,ele mesmo objetivamente referido ao sistema das posições nas distribuições) e indivíduos ou grupos dotados de esquemas de percepção e de apreciação que os predispõem a reconhecer (no duplo sentido do termo) essas propriedades, ou seja, a instituí-los como es- tilos expressivos, formas transformadas e irreconhecíveis das posições nas relações de força. 


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bolsa: Murphy Institute Fellowship

O Center for Ethics and Public Affairs, centro de pesquisa sediado na Universidade de Tulane (New Orleans) estendeu o prazo para a sua candidatura de sua bolsa para pesquisador visitante (2014-2015). O requisito para a seleção é título de doutorado nas áreas de política, filosofia ou economia.  O prazo final é 15 de fevereiro

Mais informações: http://murphy.tulane.edu/programs/center/faculty-fellowships/



FACULTY FELLOWSHIPS 2014-2015

Deadline extended: Please note that the deadline for 2014-2014 faculty fellowship applications has been extended to February 15, 2014.
The Center for Ethics and Public Affairs encourages teaching and research on ethics, moral and political philosophy, and ethical issues in public life and the professions. Its resident Fellowships support outstanding teachers and scholars who wish to develop their ability to address pressing questions in these fields.

The Center for Ethics and Public Affairs at the Murphy Institute at Tulane University invites applications for residential Faculty Fellowships for the 2014-2015 academic year, and has extended the application deadline to February 15, 2014.
These fellowships are available to support outstanding faculty whose teaching and research focus on ethics, political philosophy, political theory, or questions of moral choice in areas such as, but not restricted to, business, government, law, economics, and medicine. Faculty Fellows are appointed as Visiting Research Professors, receive a salary of 60,000 USD, and are eligible for Tulane faculty benefits (including health insurance). Tulane University is an affirmative action/equal opportunity employer. Women and minorities are encouraged to apply.
Required application materials include the completed fellowship application form, curriculum vitae, project description with bibliography, scholarly paper, and 2 reference letters.

Applicants must submit their materials via Academic Jobs Online websitehttps://academicjobsonline.org/ajo/jobs/3128

Activities

Fellows contribute to, and participate in, a twice monthly Center for Ethics and Public Affairs Faculty Seminar and have the opportunity to participate wide variety of academic events both at Tulane and the Murphy Institute. Most of their time, however, is devoted to their own research and writing.

Eligibility

Fellows are selected by external reviewers and members of the Center’s Faculty Committee. Applicants are judged on the basis of the quality of achievements in their field of specialization and ability to benefit from work in the Center, the contributions they are likely to make in the future through teaching and writing, and the probable significance of their proposed research and its relevance to the purpose of the Center. Applicants should hold a doctorate in philosophy, political science, political theory, or political economy (or a related discipline), or a professional, terminal degree in a field such business, law, or medicine, at the time of application. Applicants should also have a full-time college or university appointment at the time of application. Preference will be given to applicants at an early stage of their careers, normally no more than ten years from the terminal degree in their field. Center Faculty Fellowships are open to all faculty regardless of citizenship.
For more information, contact the Assistant Director, Margaret Keenan, atmkeenan@tulane.edu or 504.862.3236.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Novo número da Leviathan

O novo número da Leviathan - Cadernos de Pesquisa Política já está disponível on-line. A revista de pós-graduação do DCP/USP recebe artigos, entrevistas e resenhas de todos as áreas da ciência política e tem periodicidade semestral. A chamada para o próximo número está aberta e tem como política editorial a avaliação cega (títulos não importam...). O deadline para a submissão é dia 30 de janeiro




Leviathan - Call for Papers

(Deadline: January 30, 2014)

The electronic journal Leviathan invites graduate students, professors and researchers in general to submit articles, reviews or research notes in Political Science and International Studies for publication in its eighth issue.
Leviathan's main goal is to offer a diverse space for publication in all areas of Political Science and International Relations, regardless of methodology, theoretical orientation or subject of research.

For this, we adopt open and free access, fully electronic submission process, traditional peer review (blind peer review), a commitment to expedite the review process of articles and provide a repository for databases used in the articles.
Articles may be submitted in Portuguese, English or Spanish and will be published in the language submitted, with no translation. Further information about the submission process and the first seven issues, available for open access, are on the journal's website at: http://www.fflch.usp.br/dcp/leviathan.

Leviathan – Notes on Political Research

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Chamada para submissão - Leviathan

(prazo final: 30 de Janeiro de 2014)

A revista eletrônica Leviathan convida pós-graduandos, professores e pesquisadores em geral a submeterem artigos, resenhas e notas de pesquisa na área de Ciência Política e Relações Internacionais para a publicação em sua oitava edição.
O objetivo da Leviathan é oferecer um espaço diferente de publicação em todas as áreas de Ciência Política e Relações Internacionais, sem distinção de metodologia, corrente teórica ou objeto de pesquisa.
Para tanto, adotamos acesso aberto e gratuito, processo de submissão totalmente eletrônico, tradicional revisão por pares (blind peer review); compromisso de celeridade no processo de avaliação de artigos e disponibilização de repositório para bases de dados utilizadas nos artigos.

Os artigos podem ser submetidos em português, espanhol ou inglês e serão publicados no idioma submetido, não havendo tradução. Na página da revista, é possível encontrar mais informações sobre o processo de submissão (na seção “sobre”), assim como as sete primeiras edições disponíveis para acesso livre:http://www.fflch.usp.br/dcp/leviathan.


Leviathan – Cadernos de Pesquisa Política



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Convocatoria de artículos - Leviathan
(plazo final: 30 de janeiro de 2014)


La revista on-line Leviathan invita a estudiantes de posgrado, profesores e investigadores en general a enviar artículos, reseñas y notas de investigación en el área de Ciencia Política y Relaciones Internacionales para su publicación en el octavo número.
El objetivo de Leviathan es ofrecer un espacio diferente de publicación en todas las áreas de Ciencia Política y Relaciones Internacionales, sin distinción de metodología, corriente teórica u objeto de investigación.
Para esto, adoptamos el acceso abierto y gratuito; el proceso de registro totalmente electrónico; la revisión por pares tradicional (blind peer review); el compromiso de rapidez en el proceso de evaluación de los trabajos y la disponibilidad del repositorio para bases de datos utilizadas en los artículos.

Los artículos pueden ser enviados en portugués, castellano o inglés y serán publicados en el idioma registrado, sin que haya traducción. Más informaciones sobre el proceso de registro pueden ser obtenidas en la sección “sobre” de la página de la Revista, así como los trabajos de los siete primeros números están disponibles para su libre acceso en: http://www.fflch.usp.br/dcp/leviathan.



Leviathan – Cuadernos de Investigación Política


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Livro: Democracy and Media Decadence

Saiu pela Cambridge Press Democracy and Media Decadence, escrito pelo professor de teoria política da universidade de Sidney John Keane. A obra aborda as mudanças sofridas pelos meios de comunicação nas últimas décadas - denominada por Keane como "abundância comunicativa" -especialmente o declínio da "grande mídia", a concentração de poder midiático e os desafios para uma comunicação pública livre. 

Em 2010 Keane proferiu uma conferência sobre o tema no parlamento australiano. A íntegra da conferência pode ser consultada abaixo.







by John Keane

We live in a revolutionary age of communicative abundance in which many media innovations - from satellite broadcasting to smart glasses and electronic books - spawn great fascination mixed with excitement. In the field of politics, hopeful talk of digital democracy, cybercitizens and e-government has been flourishing. This book admits the many thrilling ways that communicative abundance is fundamentally altering the contours of our lives and of our politics, often for the better. But it asks whether too little attention has been paid to the troubling counter-trends, the decadent media developments that encourage public silence and concentrations of unlimited power, so weakening the spirit and substance of democracy. Exploring examples of clever government surveillance, market censorship, spin tactics and back-channel public relations, John Keane seeks to understand and explain these trends, and how best to deal with them. Tackling some tough but big and fateful questions, Keane argues that 'media decadence' is deeply harmful for public life.