domingo, 8 de dezembro de 2013

Estado e impostos no eleitorado brasileiro

O jornal Folha de S. Paulo divulgou os resultados preliminares de uma pesquisa do Datafolha sobre a ideologia do eleitoral brasileiro (cerca de 4500 entrevistas em 190 municípios). Algumas conclusões gerais: o cidadão médio é uma mistura de posições compartimentais de direta (87% acredita que acreditar em Deus torna alguém melhor) com posições econômicas de esquerda (67% acredita que o Estado deve ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país). Um dado importante  é a divisão simétrica quanto ao papel do Estado na vida das pessoas. Para 49% dos entrevistados é preferível pagar menos impostos e contratar serviços privados de saúde e educação. Para 43%  é preferível pagar mais impostos e obter tais serviços gratuitamente.  







Brasileiros se dividem quanto a impostos e papel do governo
Ricardo Mendonça






Nada divide tanto os brasileiros como a concepção do papel que o Estado deve ter em suas vidas. É o que mostra a mais completa pesquisa do Datafolha sobre as inclinações ideológicas do país. Confrontados com afirmações antagônicas sobre vários temas, as pessoas se dividiram simetricamente ao falar de suas relações com o Estado.

Para 47%, quanto mais benefícios receber do governo, melhor. Para outros 47%, quanto menos a pessoa depender do governo, melhor. No Nordeste, a região mais pobre do país, e entre pessoas que recebem até dois salários mínimos, estrato mais baixo de renda, a preferência pela ajuda do governo atinge 53%.

Outra questão que divide bastante a população tem a ver com a elevada carga tributária do país e a qualidade dos serviços que o governo oferece. Para 49%, seria preferível pagar menos tributos e contratar serviços particulares de saúde e educação.

É o que pensam 60% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos. A formulação alternativa, pagar mais impostos e ter saúde e educação gratuitas, é preferida por 43% da população.
O Datafolha faz pesquisas sobre as preferências ideológicas da população desde setembro de 2012, mas esta foi a primeira vez em que os assuntos econômicos foram incorporados ao questionário. 


Foram realizadas 4.557 entrevistas em 194 municípios, nos dias 28 e 29 de novembro. Os resultados mostram que o brasileiro médio preza valores comportamentais de direita, mas manifesta acentuadas tendências de esquerda no campo econômico.

Em todo o país, 41% identificam-se mais com ideias de esquerda ou centro-esquerda. Outros 39% são mais simpáticos aos valores de direita ou centro-direita. A pesquisa deixa evidente a simpatia que os brasileiros têm pela ação do Estado. Quase 70% acham que o governo deveria ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país, e não as empresas privadas.

Além disso, 58% entendem que as instituições governamentais precisam atuar com força na economia para evitar abusos das empresas.

Um contingente de 57% diz que o governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais em apuros quando elas enfrentam risco de falência. E 54% associam leis trabalhistas mais à defesa dos trabalhadores do que à ideia de empecilho às empresas.

Nas questões de comportamento, os resultados da pesquisa foram semelhantes aos de levantamentos anteriores produzidos pelo Datafolha. Quando o assunto é religião ou drogas, há quase uma unanimidade nacional. Quase 90% acham que acreditar em Deus torna alguém melhor. E 83% continuam a favor da proibição das drogas.