segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Filipe Campello: Reconhecimento e Poder

Na próxima quinta-feira, o filósofo Filipe Campello (UFPE) ministrará a conferência "Reconhecimento e Poder: Debatendo os Limites da Teoria do Reconhecimento" na faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP. O trabalho será debatido pelos professores Rúrion Melo (USP) e Vladimir Safatle (USP). O evento é aberto ao público.




Chamada: Pos-doutorado na UEL (2016)

O Programa de Ciências Sociais da UEL abriu uma vaga de pós-doutorado com duração de 15 meses para pesquisas que se enquadrem nas linhas temáticas do programa (que inclui teoria política). O modelo da bolsa é CAPES e as inscrições ocorrem até o dia 6 de outubro. Mais informações no edital abaixo:

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UEL informa que se encontram abertas as inscrições para a seleção de 1 (um) bolsista pesquisador em nível de pós-doutorado no âmbito do Programa Nacional de Pós-Doutoramento (PNPD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), regido pela Portaria Nº 086 de 03 de julho de 2013, disponível na página da CAPES na internet (http://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Portaria_86_2013_Regulamento_PNPD.pdf)

Edital de seleção para estágio pós-doutoral/2016



Encontro de Teoria Crítica e Filosofia Política da USP (2016)

Entre os dias 5 e 7 de outubro de 2016, os Departamentos de Ciência Política e Filosofia da USP realizarão, o primeiro Encontro de Teoria Crítica e Filosofia Política. O encontro está sendo organizado pelos professores Luiz Repa (USP) e Rúrion Melo (USP). Trata-se de uma parceria institucional extremamente bem-vinda ao nosso campo. A programação completa do evento pode ser encontrada na chamada abaixo:





terça-feira, 13 de setembro de 2016

Escola de Verão IPSA/USP (2017)

Estão abertas as inscrições para a oitava edição da Escola de Verão de conceitos e métodos de ciência política do Departamento de Ciência Política da USP e realizada em parceria com Associação Internacional de Ciência Política (IPSA). Seguindo a tendência das últimas edições, em 2017 a summer school contará com um curso dedicado à teoria política ministrado pela filósofa Herlinde Pauer-Studer (Viena). Além dos cursos o evento terá palestras e workshops abertos ao público. O link para as inscrições pode ser encontrado abaixo.






quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Chamada: Iris Young Conference (Paris 2017)

Entre os dias 31 de maio e 2 de junho de 2017, o Centro de Filosofia Contemporânea da Paris 1 (Sorbonne) sediará uma conferência internacional sobre a obra de Iris Marion Young, falecida a exatos dez anos atrás. Young trouxe contribuições seminais para a filosofia política feminista e para a política de identidades, e se tornou famosa por ter desenvolvido, no final dos anos 80, uma crítica até hoje relevante às concepções excessivamente "distributivistas" na teoria política contemporânea, que, segundo Young, acabariam insensíveis a outras formas de opressão. Entre as convidadas confirmadas estão Seyla Benhabib (Yale) e Nacy Fraser (New School). O prazo para o envio de trabalhos termina no dia 30 de setembro.
Conference on Iris Marion Young

Call for Papers
International Conference on Iris M. Young
University of Paris 1 Panthéon Sorbonne
May 31st, June 1st and 2nd 2017
An international and interdisciplinary conference on the work of Iris Marion Young will be held on May 31st, June 1st and 2nd 2017 in the University Paris 1 Pantheon-Sorbonne, by the Sorbonne Centre of Contemporary Philosophy in the Sorbonne Institute of Legal and Philosophical Sciences.
Our aim is to draw attention on Young’s work in the French academic context where it is still unfamiliar and overneglected, a situation which starkly contrasts with the success it received elsewhere. Indeed, while Young’s books have been translated in many countries, none has been translated into French yet. The 10th anniversary of her death in 2016 gives us the opportunity to fill in this gap. The purpose of the conference is not only to pay tribute to Iris Marion Young but also to show how current research in moral, social and political philosophy has been deeply transformed and inspired by many of her insights.
Young’s work is characterized by its scope and internal variety. In her books and articles, she addressed epistemological, theoretical, political and moral questions; she drew on social sciences, on her experience as a woman and as a feminist, as well as on her knowledge of the European philosophical tradition. To introduce the diversity of her work to a French audience, we invite paper proposals along the four following lines:
1. The nature and methods of social critique.
2. Rethinking subjectivity: lived experience, the body and social structures.

3. The politics of difference: practices and justifications.

4. Responsibility: models and implications for justice.

We welcome proposals from all human and social sciences. Abstracts (500-800 words) can be submitted either in English or in French at irismarionyoung2017@univ-paris1.fr. 
The deadline for submission is September 30th 2016
Notification for acceptance will be sent by November 15th 2016.
Invited speakers: Seyla Benhabib (Yale University), Ryoa Chung (Université de Montréal), Estelle Ferrarese (Université de Strasbourg), Nancy Fraser (New School for Social Research), Claude Gautier (ENS Lyon), Alison Jaggar (University of Colorado), Sandra Laugier (Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne), Lois MacNay (Oxford University), Emmanuel Renaut (Université Paris Ouest Nanterre La Défense), Patrick Savidan (Université Paris Est Créteil), Olivier Voirol (Université de Lausanne).


domingo, 4 de setembro de 2016

Semana de Ciência Política na UFPI (2016)

O Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí organizará sua primeira semana acadêmica de ciência política entre os dias 19 e 22 de setembro. O evento contará com apresentação de trabalhos de alunos e alunas de pós-graduação, palestras e mini-cursos. Entre os palestrantes e as palestrantes convidadas estão Flávia Birolli (UNB), Adrian Lavalle (USP/Anpocs) e Raissa Whiby Ventura (USP). 

Para mais informações e inscrição nos mini-cursos, ver o link abaixo:


19 a 22 de outubro





Redes Sociais:

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Um golpe é um golpe é um golpe

Seguindo a tendência geral do processo de impedimento da presidenta eleita Dilma Rousseff, permanece enorme a discrepância jornalística entre, de um lado, a cobertura crítica da mídia internacional e a revolta da mídia independente no Brasil e, de outro, a docilidade dos grandes grupos de comunicação do país, como o Grupo Globo e o Grupo Folha (ver aqui sobre a família Marinho e aqui sobre a Folha). 

A situação trágica do mercado de informação no Brasil, na prática um oligopólio familiar, não apenas faz com que o Brasil tenha um dos piores índices de liberdade de imprensa entre as democracias (como indica o último relatório dos Repórteres Sem Fronteiras) como nos obriga à utilizar mais e mais canais independentes de transmissão, tais como a Mídia Ninja e Jornalistas Livres, para obtermos uma cobertura minimamente não editada dos últimos acontecimentos políticos no país. 

Um contra-exemplo gritante dessa submissão pode ser encontrada na patética entrevista que o ex-presidente, e apoiador do golpe, Fernando Henrique Cardoso foi submetido pelo canal de TV da Al Jazeera. Imaginando que sua estatura de ex-presidente seria o bastante para conferir legitimidade a sua interpretação do impedimento de Dilma, algo que, de fato, talvez fosse o bastante para tratar com os profissionais brasileiros, FHC foi humilhado ao vivo por um jornalista extremamente bem informado sobre a política brasileira (inclusive sobre as hipocrisias do próprio FHC). Sobretudo, e esse é o ponto, mais do que informado o jornalista estava motivado a contestar seu entrevistado quando necessário. 

Basta assistir uma mesa redonda da Globo News ou uma entrevista do Estado de São Paulo para perceber que essa motivação não é a regra na nossa empresa. A contestação no jornalismo brasileiro é entendida como uma forma de deselegância.

Como explicar a submissão da imprensa à agenda conservadora brasileira? Uma delas é que as empresas, em geral de controle familiar e mantendo concessões públicas herdadas de geração para geração desde o regime autoritário de 64, temem perder dinheiro com governos que proponham novos marcos legais na comunicação (algo que, diga-se de passagem nenhum governo, inclusive o governo deposto, teve a coragem de propor), a criação de TVs e rádios públicas (veja o editorial da Folha sobre a nova proposta de TV pública) ou simplesmente cortes de despesa com comunicação oficial (estima-se que o governo Dilma tenha cortado quase 600 milhões de reais em propaganda federal um ano antes do golpe). 

Outra hipótese é a de que as famílias de milionários da comunicação brasileira, sendo o caso paradigmático aqui a família Marinho, são elas próprias agentes políticos auto-interessados nos rumos do governo federal. Isto é, seu principal interesse não é propriamente "vender jornal" (ou, mais precisamente, espaço publicitário) ou apenas manter o poder de mercado que possuem, típico em contextos de oligopólio, mas sobretudo manter o papel político e cultural de serem os únicos grupos com a estrutura física e organizacional capazes de alcançar o território brasileiro como um todo. Isto é, qualquer forma de conciliação ou pacto social necessariamente precisa passar, antes, pelas redações de São Paulo e Rio. 

Imaginemos que só existam três empresas de papel em uma sociedade. O lucro da venda de papel é, sem dúvida, um privilégio enorme e impedir concorrentes é crucial para os lucros. Entretanto, e se, além disso, todo documento oficial fosse impresso nesse papel e coubesse as três empresas divulgar seu conteúdo? E se qualquer governante dessa sociedade necessitasse da boa vontade dos três vendedores para circular qualquer lei ou decreto? Talvez mais importante do que o lucro, seja a possibilidade de controlar o sistema de responsabilização política no país. O tipo de produto que as grandes empresas de comunicação nos vendem é mais do que apenas um insumo para a formação de preferências políticas, em contextos críticos ele pode ser a própria preferência.

Visto que após duas décadas de luta a direita finalmente conseguiu criar as condições ideais para um semi-parlamentarismo no governo federal, o papel organizacional dessas empresas só tende a crescer.

Contudo, nenhuma explicação sobre os proprietários dos meios de comunicação, por mais elaborada e original que venha a ser, conseguirá justificar ou absolver a submissão dos e das profissionais da mídia brasileira - outra vez - em relação àqueles que tiraram uma presidenta eleita do poder. É por essas razões que a imagem da tropa de choque protegendo a sede da Folha de S. Paulo contra os manifestantes pró-democracia no centro de São Paulo durante a madrugada é, por enquanto, a melhor imagem do golpe de 2016: 



Polícia Militar de São Paulo protege prédio do Grupo Folha contra manifestantes pró-democracia


A cobertura do golpe na imprensa internacional:


- El País: "Golpe baixo no Brasil"

- El País: "O Golpe contra Dilma Rousseff"

- The Intercept: "Os novos donos do trono no reino da hipocrisia"

- Deutsch Welle: "Uma injustiça histórica"

- Al Jazeera: "Is Brazil's Dilma Rousseff a victim of a coup?"

- Le Monde: "La triste ironie de la chute de Dilma Rousseff"

- The Nation: "Brazil For Sale: How a legal coup set the stage for privatization"

- The Nation: "An International Tribunal Declares the Impeachment of Brazil's Dilma Rousseff an illegitimate coup"

- The New York Times: All impeachments are political. But was Brazil's something more sinister?

- Pagina 12: "Hoy se consuma el golpe parlamentario en Brasil"

- Democracy Now: "This confirms: It was a coup"

- Democracy Now: "Bernie Sanders Condemns Coup in Brazil"

- Salon: "Parliamentary Coup"

- BBC: "What has gone wrong in Brazil?"

- Vice: "O saldo sangrento do último ato na paulista"

- The Guardian: "Dilma Rousseff´s downfall won´t cure all her country´s ills"

- Huffington Post: "Brazil has a president now no one voted for"

- Huffington Post: "Every vote for Rousseff's impeachment was a vote for vote for corruption"

- Time: "Rousseff's impeachment is the start of Brazil's crisis"