segunda-feira, 31 de março de 2014

Os "cadernos pretos" de Heidegger

Lançados como parte de sua obra completa, os "cadernos pretos" do filósofo alemão Martin Heidegger iniciaram um debate público intercontinental entre filósofos, historiadores e cientistas políticos a cerca do papel do antissemitismo no pensamento heideggeriano e das relações entre filosofia e política. Postergado até o último volume de suas obras completas a pedido do próprio Heidegger, os cadernos trazem à tona os diários e rascunhos do filósofo entre 1931 e 1941 - momento no qual Heidegger não apenas aderiu ao partido nazista alemão como assumiu por um ano o reitorado da Universidade de Freiburg. A polêmica acerca dos cadernos trata da tese forte - defendida por alguns de seus críticos - segundo a qual mais do que um simples "erro político" ou "falta de fibra moral", as premissas políticas do nazismo são parte constitutiva da obra filosófica heideggeriana. Sua crítica ontológica ao mundo moderno não estaria completa sem a recusa da "desmundaneidade" (supostamente) inerente ao judaísmo (agradeço ao Victor Pereira pela indicação).



Heidegger março de 59 (René Spitz)

Veja a entrevista do filósofo francês Emmanuel Faye e o artigo de Philip Oltermann em defesa da tese. Contra, ver os textos de Domenico Losurdo no Guardian e do filósofo Jonathan Reé. Como balanço da discussão, ver o excelente artigo de Richard Brody para o blog da The New Yorker. 


Contra: