sábado, 8 de outubro de 2016

Desigualdades: Pensando o Conceito (CEM)

Na próxima terça-feira, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) promove um seminário dedicado ao conceito de desigualdade e como ele tem sido pensando e medido em diferentes áreas da ciência social. O programa do evento conta com alguns dos principais pesquisadores e pesquisadoras sobre o tema na academia brasileira, como o antropólogo Gabriel Feltran (UFSCAR), as cientistas políticas Marta Arretche (USP) e Célia Lessa (UFF), o sociólogo Marcelo Medeiros (IPEA) e o teórico político Álvaro de Vita (USP). O evento é aberto ao público.

O CEM tem se dedicado nos últimos anos a entender as diferentes dimensões da desigualdade social no Brasil e como esses padrões mudaram (se mudaram) nas últimas décadas. Recentemente, alguns dos principais resultados do centro foram publicados em um formato de divulgação científica pela Oxfam Brasil em seu dossiê Cade Vez Mais Desigual?



Seminário CEM - Centro de Estudos da Metrópole
Desigualdades: pensando o conceito


No dia 11 de outubro de 2016 (terça-feira), o Centro de Estudos da Metrópole (CEM/Cepid) promove na Cidade Universitária, o seminário que reúne intelectuais motivados tanto por reflexões normativas quanto por estudos empíricos para discutir suas concepções sobre o conceito de desigualdade social e sobre as métricas para analisar seu comportamento. 

Resumo: a desigualdade social ganhou grande centralidade no debate acadêmico e político. O tema, porém, tem sido abordado através de múltiplas dimensões, diferentes conceitos e métricas. O fato é que há muitas maneiras de julgar e medir a desigualdade. Mais que isto, medidas estão associadas a orientações normativas sobre redistribuição. O estudo da desigualdade de renda esgota o problema ou há outras dimensões a considerar? 

A universalização do acesso a serviços públicos é suficiente para a redução das desigualdades? A inclusão das dimensões raciais, de gênero e de participação política são requerimentos essenciais do ideal normativo de redução da desigualdade? Este seminário pretende reunir intelectuais motivados tanto por reflexões normativas quanto por estudos empíricos para discutir suas concepções sobre o conceito de desigualdade social e sobre as métricas para analisar seu comportamento. 

Programa

9h00 - Abertura - Gabriel Feltran (CEM/UFSCar) 
MESA 1 – MEDIDAS DA DESIGUALDADE

9h30 - Limitaciones del número promedio en el estudio de las desigualdades y de su producción espacial  - Francisco Sabatini (PUC/Chile) 
O índice Gini, como ocorre com outros números promédio, conduz a resultados contraditórios - Gini, por exemplo, a desigualdades vinculadas a mobilidade social. Para resolver essas contradições é necessário considerar os aportes da "adolescência urbana" e do "efeito bairro", entre outros fenômenos associados a nível de segregação residencial, na produção das desigualdades ou da equidade social.

10h00 – Problemas fundamentais da mensuração das desigualdades - Marcelo Medeiros (IPEA) [ via skype ]
A apresentação discute problemas fundamentais da mensuração da desigualdade: a definição de desigual e a definição das distribuições sociais. Argumenta que a solução do problema depende de uma teoria de justiça.

10h30 - Medidas de desigualdade e concepções de bem-estar - Marta Arretche (CEM/USP)
A apresentação retomará o debate das ciências sociais no século XX para argumentar que medidas de desigualdade não são neutras. Em vez disto, toda mensuração da desigualdade está baseada em preferências normativas (implícitas ou explícitas) sobre quais devem ser os componentes do bem-estar e em quais níveis de redistribuição são desejáveis. A apresentação defenderá que noções de bem-estar que vão além da dimensão renda e que promovam patamares básicos para uma vida decente devem orientar a construção de medidas de desigualdade. 

11h - Debate

12h - Intervalo - almoço


MESA 2 – DIMENSÕES DA DESIGUALDADE

14h30 - Desigualdades urbanas e segregação - Eduardo Marques (CEM/USP)
A apresentação discutirá as relações entre segregação residencial e desigualdades sociais na cidade. Para uma parte da literatura urbana clássica, os padrões de segregação representam uma expressão espacial das desigualdades sociais. Partindo de uma crítica dessa premissa, a apresentação define segregação como separação espacial de grupos sociais em espaços relativamente homogêneos e distantes entre si. Para especificarmos o lugar da segregação em todo esse campo conceitual, é necessário separar a espacialização das desigualdades sociais - a distribuição no espaço de desigualdades de raça e gênero, por exemplo, das facetas espaciais das desigualdades - quando elementos associados ao espaço se mostram conectados propriamente com a produção e reprodução das desigualdades.

15h - Mercado de solo, estrutura urbana e desigualdade  - Pedro Abramo (IPPUR)
A desigualdade social é um conceito polifônico e abarca uma conjunto amplo de dimensões que se refletem tanto nos processos da sua produção como na sua métrica. A apresentação que propomos sublinha uma dimensão particular da produção da desigualdade que é a relação entre o acesso a terra urbana e a forma da estrutura urbana resultante do funcionamento do mercado fundiário e imobiliário urbano. Propomos uma taxonomia do mercado de solo urbano em dois grandes sub-mercados (formal e informal) e discutimos as suas características gerais e como surge uma forma urbana particular que se articula com as desigualdades sócio-espacias e a distribuição desigual dos equipamentos e serviços. 

15h30 - Emprego, serviços sociais públicos e desigualdade no Brasil - Celia Lessa (UFF)
Há muito boas razões para expandir serviços sociais públicos no Brasil. A comunicação se concentra em razões de natureza instrumental, apresentando resultados de pesquisa empírica sobre um canal por meio do qual a expansão de serviços públicos sociais pode contribuir para a redução das desigualdades, o mercado de trabalho. 

16h00 - Justiça e igualdade - Álvaro de Vita (USP)
A concepção rawlsiana de justiça social oferece uma interpretação sobre a forma de igualdade que é normativamente apropriada para uma sociedade democrática. Essa interpretação pode ser criticada não somente por concepções não igualitárias de justiça como também por posições alternativas no campo do próprio igualitarismo. O contraste entre uma dessas posições, a do enfoque da capacidade de Amartya Sen e Martha Nussbaum, e a justiça rawlsiana será examinado.

16h30 - Debate

17h15 - Sínteses preliminares - Gabriel Feltran (CEM/UFSCar)
17h30 - Encerramento 


Informações gerais
Quando11 de outubro de 2016 (terça-feira), das 9 às 17h30
OndeSala 14, Prédio da Filosofia e das Ciências Sociais, FFLCH-USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária.

Aberto a todos os interessados sem necessidade de inscrição prévia