domingo, 6 de julho de 2014

Against the Machine?

Qual a relação entre tecnologia e desigualdade? Para alguns economistas, a possibilidade de máquinas/softwares exercerem tarefas cognitivas no processo de produção - até então exclusivas do trabalho humano - está por trás do fim da estabilidade entre capital e trabalho nas economias industrializadas. Ao lado da introdução de dezenas de milhares de trabalhadores não-especializados oriundos das economias emergentes, a polarização do trabalho estaria aumentando gradativamente a desigualdade entre rendimentos de trabalho e rendimentos de capital. O historiador Colin Gordon publicou uma interessante revisão bibliográfica da discussão na Dissent ("Computer did it? Technology and Inequality") trazendo novos dados e apontando as principais explicações para o fenômeno. Gordon rejeita a tese de que o aumento da desigualdade de renda seja fruto da polarização técnica da mão-de-obra nos EUA, atribuindo o fenômeno à desregulamentação do mercado de trabalho.

Vale a pena complementar a leitura com o texto de Noah Smith para o The Atlantic ("The End of Labor: How to protect workers from the rise of the robots") no qual o autor defende uma solução radical para o problema da automação da economia, a saber, a criação de um um dividendo social para todos os cidadãos com mais de 18 anos:

[...]  

The big question is: What do we do if and when our old mechanisms for coping with inequality break down? If the "endowment of human capital" with which people are born gets less and less valuable, we'll get closer and closer to that Econ 101 example of a world in which the capital owners get everything. A society with cheap robot labor would be an incredibly prosperous one, but we will need to find some way for the vast majority of human beings to share in that prosperity, or we risk the kinds of dystopian outcomes that now exist only in science fiction.