segunda-feira, 25 de maio de 2015

Seminário: Trajetórias da Desigualdade no Brasil

A Editora Unesp e o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP organizarão no próximo dia 2 de junho um seminário dedicado ao lançamento do livro Trajetórias da Desigualdade: Como o Brasil Mudou nos Últimos Cinquenta Anos (Ed. UNESP), coletânea de estudos dedicados à história da desigualdade no país organizada pela cientista política Marta Arretche (USP). O livro reúne trabalhos sobre a desigualdade socioeconômica a partir de cinco perspectivas centrais: participação política (Fernando Limongi e Adrian Lavalle), mercado de trabalho (Alvaro Comim e Nadia Araújo), políticas públicas e serviços sociais (Eduardo Marques, Marta Arretche) e renda e educação (Carlos Ribeiro, Rogério Schlegel e Marta Arrechte). Cada uma dessas perspectivas procura oferecer um retrato empiricamente confiável das assimetrias de recursos sociais e econômicos vigentes no Brasil  e sua trajetória ao longo das últimas cinco décadas.

Dada a abrangência e o rigor metodológico do projeto é de se esperar que em pouco tempo a obra se torne uma referência no estudo sobre a pobreza e a desigualdade no Brasil - incluindo o importante debate sobre as razões da queda recente da desigualdade no país. O seminário de lançamento do livro (ver abaixo a programação) será estruturado de acordo com as linhas temáticas do livro e contará com a presença de debatedores convidados (Sérgio Cardoso, Rogério Arantes, Marcelo Medeiros, Adalberto Cardoso, dentre outros). O evento é aberto ao público. 




Trajetórias da Desigualdade: Como o Brasil Mudou nos Últimos Cinquenta Anos
Marta Arrecthe (org.)

Desigualdades aqui é um termo compreendido no plural. No mundo social, existem múltiplas assimetrias: entre pobres e ricos, entre mulheres e homens, entre categorias de raças, que se manifestam na renda, no acesso a serviços, na participação política. O fenômeno da desigualdade é muito mais complexo do que apenas sua dimensão monetária. Entendê-lo requer examinar suas múltiplas dimensões. Assim, é preciso tratar das Trajetórias das desigualdades. 
Tema inesgotável da agenda pública, o debate sobre a desigualdade no Brasil é objeto de paixões desenfreadas. Discussões impetuosas, travadas ao sabor das conveniências de ocasião, quase sempre turvam diagnósticos abrangentes e necessários para a compreensão desse fenômeno.
Esta obra navega em direção contrária e procura caminhar além do terreno da especulação. Os catorze ensaios aqui reunidos descrevem um panorama denso e complexo das trajetórias das desigualdades de 1960 a 2010. Além do rigor conceitual e da perspectiva ampliada, os autores partilham como ponto de partida a fidelidade aos dados estatísticos das seis edições dos Censos Demográficos produzidos pelo IBGE no período.
Divididos em cinco eixos centrais – participação política; educação e renda; políticas públicas; demografia; mercado de trabalho –, os textos sistematizam a análise de um recorte da história brasileira bastante distinto econômica e politicamente. Em cinco décadas, um país rural, de uma realidade empobrecida distribuída quase homogeneamente em seu território, em que apenas 20% dos jovens com até 15 anos estudavam até quatro anos, tornou-se um Brasil urbano, de acesso quase universal ao ensino fundamental e com onze anos a mais de expectativa de vida média.
Os estudos revelam que afirmações clássicas, como a de que o país viveu uma “inaceitável estabilidade” da desigualdade, não encontram respaldo nas estatísticas. Houve uma inequívoca queda nos aspectos mais inadmissíveis das assimetrias. Foi sensivelmente reduzida a distância entre a maioria desfavorecida em diversas dimensões e uma casta da população privilegiada. O fim do regime militar e a democratização convergiram com o início de um período de recuo acelerado nos níveis de pobreza, bem como nas diferenças de acesso a serviços.
Tal conclusão não implica que sejamos hoje um país igualitário. As desigualdades constituem ainda elementos centrais da nossa realidade, como mostram os diversos dados de 2010 sobre a situação das mulheres e dos negros. A questão é que sua qualidade se alterou.
Esse fenômeno, por sua vez, não pode ser atribuído exclusivamente à democracia. A redução das desigualdades no Brasil é produto de múltiplas determinações e, nesse processo, a execução de políticas públicas desenhadas para essa finalidade possuem verificável protagonismo. Assim, não há garantias de que, no Brasil, as assimetrias seguirão em trajetória decrescente.
Porém, o que as análises do período demonstram neste livro é a intrínseca vinculação da redução da iniquidade com a intencionalidade política.

Seminário de lançamento do livro

Data: 2 de junho de 2015

Local: Sala 14, do Prédio da Filosofia e da Ciências Sociais, da FFLCH/USP (Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária



Programação:


9h: Abertura
Marta Arretche - Diretora do CEM
Alvaro de Vita - Chefe do Departamento de Ciência Política

9h15: Mesa 1:  Participação Política

Coordenador: Gabriel Feltran

Expositores: Participação política no Brasil, Fernando Limongi
                    Conselhos, associações e desigualdade, Adrian Gurza Lavalle
Comentador: Rogerio Arantes

10h: Mesa 2: Educação e Renda

Coordenador: Adrian Gurza Lavalle


Expositores: Estratificação educacional entre jovens no Brasil: 1960 a 2010, Carlos Costa Ribeiro
                    Educação e desigualdade no Brasil, Naercio Menezes Filho
                    Estratificação horizontal da educação superior no Brasil (1960 a 2010), Rogerio Schlegel
                    Desigualdades raciais no Brasil: um desafio persistente, Marcia Lima

Comentador: Maria Ligia Barbosa

14h: Mesa 3: Políticas Públicas

Coordenador: Charles Kirschbaum

Expositores: Trazendo o conceito de cidadania de volta: a propósito das desigualdades territoriais, Marta Arretche
                     Condições habitacionais e urbanas no Brasil, Eduardo Marques
Comentadora: Luciana Royer

15h: Mesa 4: Demografia

Coordenador: Murillo M. Alves de Brito

Expositores: A migração interna no Brasil nos últimos 50 anos: (des)continuidades e rupturas, José Marcos Pinto da Cunha
                    Cinquenta anos de relações de gênero e geração no Brasil: mudanças e permanências, Maria Coleta Oliveira
                    Transição religiosa no Brasil, Ronaldo de Almeida
Comentador: Suzana Cavenaghi

16h30: Mesa 5: Mercado de Trabalho

Coordenador: Eduardo Marques

Expositores: Desenvolvimento Econômico e Desigualdades no Brasil: 1960-2010, Alvaro A. Comin
                    Mercado e mercantilização no trabalho no Brasil (1960-2010), Nadya Araujo Guimarães
Comentador: Adalberto Cardoso
   
17h30: Mesa de Encerramento

Coordenador: Sergio Adorno

Expositora: Marta Arretche
Debatedores: Elza Berquó,  Marcelo Medeiros, Nelson do Valle e Silva