terça-feira, 25 de agosto de 2015

Honneth e a ideia de liberdade social

O filósofo Axel Honneth (Columbia / Goethe) ministrou a Dewey Lecture in Law and Philosophy de 2014 com o título Three, Not Two, Concepts of Liberty. O vídeo e o áudio da conferência acabaram de ser divulgados pela Universidade de Columbia e podem ser encontrados abaixo. 

Partindo da distinção clássica estabelecida por Isaiah Berlin entre dois sentidos antagônicos deo valor da liberdade - liberdade como ausência de interferência individual e liberdade como autorrealização pessoal - Honneth procura construir um terceiro sentido que denomina de "liberdade social". Segundo Honneth, no que diz respeito a uma série de atividades cotidianas, porém importantes, em nossas vidas dependemos da ação voluntária e recíproca de outras pessoas para a constituição do bem almejado. Sem a cooperação não-coagida de outros iguais em consideração e respeito não poderíamos construir relações verdadeiras de amizade ou amor, por exemplo. Ou seja, antes de ser um limite natural à extensão da minha liberdade (liberdade negativa), ou algo a ser anulado pela autonomia racional (liberdade positiva), a presença do outro seria a própria condição para a plena realização dessas atividades. A formação de vontade democrática seria o principal exemplo de liberdade social para a teoria política: apenas por meio do debate não-coagido entre pontos de vista diferentes ou antagônicos asseguramos, segundo Honneth, a legitimidade de decisões políticas coletivas. A democracia dependeria, portanto, de uma noção social e não-individualista de liberdade.

Na segunda parte de sua palestra Honneth procura oferecer uma breve história do conceito de liberdade social, começando pela noção de "liberdade objetiva" apresentada por Hegel até chegar a apropriação dessa noção pelos movimentos socialistas do século XIX (ver aqui para uma versão preliminar da apresentação). Ao ignorar o sentido social de liberdade, a teoria política contemporânea teria esquecido um dos três valores constitutivos das sociedades políticas modernas: a fraternidade entre iguais.






Even for those among us who are not altogether convinced by Isaiah Berlin's famous essay "Two Concepts of Liberty," it has by now become commonplace to adopt a distinction between "negative" and "positive" liberties that largely coincides with the one he offered. In my lecture I defend the thesis that this bifurcation of the concept of freedom is incomplete in a significant respect, because it omits a third type, which I will call "social freedom." I proceed first by illustrating with some well-known examples how we must understand this third form of freedom, which cannot be performed by one subject alone, but rather requires the cooperation of others. In the second step I want to recall briefly the philosophical tradition in which this idea of "social freedom" has always had a central place. Finally, I delve into the systematic question of whether the suggested model of freedom in fact designates a third concept, which does not conform to the traditional bifurcated understanding.